E as soft skills de quem defende? A importância das competências comportamentais no mercado de cibersegurança

Entre as 9 tendências do Gartner, sobre Cibersegurança, 3 delas fazem referência direta à Gestão de Pessoas e Competências:

  1. Design de Segurança centrado no ser humano
  2. Melhorar a Gestão de Pessoas para a Sustentabilidade do Programa de Segurança
  3. Os conselhos expandem sua competência em supervisão de segurança cibernética

Embora o mercado de cibersegurança acontecem no nível “B2B” (business to business), ou seja, empresas ofertam soluções para outras empresas, essa relação se estabelece através de uma relação de confiança entre pessoas e equipes que monitoram e protegem marcas e dados. Desde que trabalho na área de Gente e Cultura cuidando e desenvolvendo equipes que atuam em cibersegurança, tenho estudado sobre a construção da relação de confiança.

Aprendi com a Frances Frei (frances frei trust – YouTube), executiva que atuou na Empresa Uber, que a construção (ou reconstrução) de uma relação de confiança se dá através de 3 aspectos:

O primeiro deles é a autenticidade, para que haja um clima de confiança entre as pessoas o ambiente de trabalho precisa permitir que as pessoas sejam elas mesmas, afinal de contas temos uma propensão maior de confiar em quem é autêntico, humano e que está confortável em seu desafio/ responsabilidades. Essa autenticidade, entretanto, vem acompanhada de responsabilidade e do segundo aspecto da tríade: A empatia. Para gerar confiança, não basta ser autêntico, sua autenticidade sem empatia pode ser inadequada para qualquer relação, principalmente as profissionais. O terceiro elemento é a lógica na comunicação. Tendemos a confiar mais nas pessoas que expressam suas ideias, pedidos e perguntas de maneira lógica, clara e objetiva.

As equipes que tratam ameaças ou até incidentes de vazamento de dados sabem que a comunicação precisa ser impecável, portanto, treiná-la é também uma arte de aperfeiçoamento constante.

O desafio da comunicação muitas vezes esconde um aspecto psicológico básico: o medo de desagradar. Todo mundo prefere falar o que o outro quer ouvir, mas quando você atua em cum contexto onde é preciso garantir a resiliência cibernética de uma organização, o seu trabalho é apontar as vulnerabilidades que devem ser corrigidas, e por isso a transparência passa a ser essencial nas práticas e comportamentos do time de cyber.

Uma das técnicas de Storytelling que mais gosto são as 3 verdades: Lógica, Emocional e Fatual. Quando quer enfatizar um posicionamento, utilize-as da seguinte maneira:

Verdade Lógica: “Veja como faz sentido”, demonstrando alguma evidência ou relação de causa e efeito

Verdade Emocional: “Eu acredito”, demonstrando que possui domínio sobre o tema e que após análise possui um posicionamento firme.

Verdade Fatual: “Esses dados comprovam”, demonstrando alguma análise estatística, estudo, pesquisa, etc.

Melhorar a comunicação, entretanto, não é apenas melhorar a expressão de ideias, cabe ao bom comunicador escutar ativamente para comunicar-se melhor! Ouvi recentemente que o mercado está cheio de cursos de Oratória, mas não há iniciativas de “Escutatória”.

É escutando que desenvolvemos empatia. É compreendendo o desafio do cliente que passamos a ser mais tolerantes, abertos e pacientes com as interações e demandas. E é nessa relação que a mágica tem o potencial de acontecer.

Aqui no Grupo Stefanini, valorizamos a cultura de humildade em aprender, essa é na verdade uma das 7 atitudes que compõe nossos valores e competências. Quando você trabalha em um mercado de tecnologia é impossível saber tudo, por isso cultivar a humildade e o exercício constante de perguntar, estudar e atualizar-se é o que nos aproxima de soluções mais assertivas para nossos clientes.

Assim como escutar é tão importante quanto falar, o poder das perguntas bem-feitas é tão relevante quanto a habilidade de encontrar respostas. Recentemente, em uma reunião de negócios, presenciei um grande líder perguntar para um especialista uma dúvida sobre o mercado. O líder ouviu atentamente e agradeceu. Esse é um exemplo comportamental da humildade em se aprender, em se perguntar e cultivar a curiosidade.

Quando o Gartner aponta a tendência de conselhos ampliarem a competência em se posicionar sobre a segurança cibernética estamos falando de uma grande oportunidade para que os especialistas em cibersegurança traduzam em linguagem de negócios as necessidades e os impactos do setor.

Finalizo esse artigo, fazendo um convite a você leitor, para refletir sobre o quanto nossos conhecimentos técnicos e específicos da nossa área de atuação podem ser potencializados à medida que desenvolvemos competências comportamentais para compartilharmos o que sabemos. E aí, o que você precisa desenvolver?

Artigo escrito por Ana Ligia, Gerente de Gente & Cultura – Stefanini

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